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terça-feira, 28 de setembro de 2010

O amor pede palavra

O amor fala. Transborda em confidências, poemas, declarações, confissões, telefonemas, cartas, tudo o que produz voz e texto, tudo o que parece ser capaz de revelar seu mistério e acalmar nossos sentidos.
Desde que o primeiro ser humano foi atingido pelo amor-paixão, sentiu necessidade de dar nome ao fenômeno que o deixava sem palavras.Mas logo o amante percebeu que o nome não bastava. Era preciso compreender o amor. E vieram as metáforas (como se o chão fugisse de debaixo de meus pés, como se meu coração saltasse pela boca...). Mas compreender também não bastava, faltava o outro, aquele que desperta tão agradável desespero. E nasceu a fala amorosa. Mas nem mesmo o outro bastava. Sua presença só provocava... mais amor ainda.
Ao juntar violentamente as sensações do corpo com as da alma, como dois fios desencapados, o amor apaixonado nos coloca diante de um enigma. Não sabemos como lidar com ele. E então precisamos, desesperadamente, enunciá-lo. Para compreendê-lo, para comunicá-lo, para alimentá-lo e até mesmo para acabar com ele. Não existe amor mudo - o amor não se completa no outro, mas na palavra.
Por tudo isso, não surpreende constatar que o amor apaixonado é a matéria prima por excelência da literatura. Está presente nos romances, nos poemas, nas crônicas, contos, na literatura infantil, nos romances policiais, nos contos de fada, nas narrativas orais, nas histórias em quadrinhos. Antes que alguém lembre que os limites entre os gêneros literários andam tão esfumaçados como aqueles que delimitam amor e paixão.

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